segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O Maquiavelismo de Sérgio Cabral ou a falta de cidadania do carioca

O Maquiavelismo de Sérgio Cabral, representado pela sua brilhante estratégia de antecipar o feriado do Dia do Servidor Público para segunda-feira, dia 27 de outubro, mostrou como está entranhada, em nossa política nacional, mesmo entre os políticos da "nova geração", a noção de que os fins justificam os meios.

Muito feia esta política onde para atingir objetivos pessoais - galgar cargos mais elevados na vida pública -, em detrimento do interesse público, vale tudo. Vale escrever textos apócrifos denegrindo a imagem do candidato oposto, vale fazer boca de urna e distribuir lanches em embalagens com marca dos Governos Federal e Estadual, vale antecipar um feriado, num semestre onde não existem feriados, para aumentar o índice de abstenções.

O mais interessante é que o Sérgio Cabral é aquele que faz uma crítica feroz ao estilo de fazer política da família Garotinho. E ele repete exatamente a mesma prática - clientelista, paternalista - ao usar de todos os meios mais baixos para conseguir o seu intento - ser Presidente da República.

O novo Prefeito do Rio de Janeiro - Eduardo Paes - já disse a que veio: quer subir a qualquer preço e isto significa mudar de partido tantas vezes forem necessárias em apenas oito anos de vida política, fazer as mais espúrias alianças, jogar sujo, como foi fartamente publicado pela imprensa no decorrer do processo eleitoral.

E o carioca? O carioca demonstrou uma falta de cidadania jamais vista na história das eleições municipais. Diante de um pleito de tamanha importância, onde estavam em campo duas candidaturas similares em propostas para a cidade, mas, completamente distintas do ponto de vista da forma de se fazer política. Onde estavam em campo duas candidaturas completamente diferentes: uma clientelista, paternalista, anti-ética; a outra trazendo uma luz no fim do túnel, mostrando que se pode fazer uma campanha sem sujar a cidade, sem ofender os adversários, sem alianças desmedidas, comprometida com o interesse público.

O carioca demonstrou que está pouco se importando com o que aconteça com a cidade, desde que suas vantagens não sejam afetadas, seja através das ocupações irregulares dos espaços públicos - aí tanto faz se é rico ou pobre -, seja através da impundade - o famoso é ilegal e daí - aí, novamente, tanto faz se é rico ou pobre.

A falta de cidadania do carioca foi uma grande traição à candidatura de Fernando Gabeira, principalmente porque a abstenção maior foi entre os eleitores da Zona Sul, seu nicho eleitoral.

A falta de cidadania do carioca fêz com que acrditassem na balela da união entre os três níveis da administração pública - federal, estadual e municipal. Ok, se isto é verdade, então o que acontecerá em 2010 quando mudam o Presidente da República e o Governador do Estado - voltaremos ao isolamento?

A candidatura de Eduardo Paes, no primeiro turno, mostrou-se como uma alternativa para derrotar o Marcelo Crivella, que quer resgatar as práticas absolutistas monárquicas, sendo o governante escolhido por Deus e em seu nome governando. Com o crescimento de Fernando Gabeira uma alternativa mais interessante para a cidade se apresentou, mas, a falta de cidadania do carioca jogou por terra esta grande oportunidade.

Importante destacar que a candidatura de Fernando Gabeira obteve grande quantidade de votos em todas as regiões da cidade, mostrando que era unificadora. Gabeira ganhou nas Zonas Norte, Sul e Centro, perdendo, mas obtendo uma boa quantidade de votos, na Zona Oeste - reduto do Eduardo Paes, que lá mantêm a sua maneira de fazer política clientelista e paternalista.

Eis a consequência do Maquiavelismo de Sérgio Cabral ou a falta de cidadania do carioca:

Rocinha (abaixo)


Complexo do alemão (acima). Lixo na Baía de Guanabara (abaixo).


E viva o Rio de Janeiro!

fotos: sem crédito

domingo, 26 de outubro de 2008

Gabeira fala após o resultado das eleições


Fernando Gabeira mostrou, mais uma vez, sua inconfundível elegância e maturidade ao falar sobre a sua derrota nas eleições para Prefeito da Cidade do Rio de Janeiro.

De acordo com o que foi publicado no sítio G1, ele recebido com apláusos ao chegar ao hotel, na Zona Sul do Rio, e disse que a derrota é enriquecedora e que não a considera um "balde de água fria".

"Foi apenas uma partida disputada lindamente e perdida no último minuto" (...) "A derrota é muito enriquecedora. Reafirma os laços humanos das pessoas que trabalharam contigo. Tenho que ser mais hábil, aprender mais coisas". Gabeira disse estar preocupado com o futuro da cidade e que pretende organizar a sociedade e a iniciativa privada para resolver problemas como o combate aos focos de dengue, para prevenir uma epidemia. Mas não garantiu que buscará parcerias com a futura prefeitura.

Ainda de acordo com o publicado no G1, Gabeira afirma: "Não posso é trabalhar com um governo antes que eu tenha confiança de que não se use merenda escolar numa boca de urna. Porque não acredito que isso tenha sido uma decisão do alto, mas uma vez que você decide usar a maqui na e todas as suas possibilidades, as pessoas que estão em escalas mais inferiores tomam iniciativas bastante perigosas". Este fato aconteceu no dia da eleição do segundo turno, quando foram apreendidos panfletos contra sua candidatura e kits lanche, com os logotipos dos governos estadual e federal, encontrados num comitê eleitoral de Eduardo Paes, em Madureira.

"Gabeira criticou a campanha "suja", como o uso de panfletos apócrifos e boatos sobre sua candidatura.

"Eu já tinha até me esquecido da campanha suja, quando hoje anunciaram a apreensão não só de panfletos, mas o material de merenda escolar. Isso para mim é muito pior do que tudo. Desviar merenda escolar para a boca de urna é fora dos limites que eu aceito". Sobre a polêmica sobre o subúrbio, que norteou boa parte da campanha de Paes neste segundo turno, Gabeira disse que "os fins não justificaram os meios".

"Nós fizemos do limão uma limonada. A Lucinha (vereadora) ficou muito indignada com a campanha que fizeram e se transformou numa guerreira para que nós avançássemos na Zona Oeste", disse Gabeira, sobre uma frase ouvida por jornalistas durante sua campanha, em que ele teria dito que a vereadora mais votada do Rio tinha uma visão "suburbana"da política.

"Gabeira afirmou ainda que sua campanha – que contou com a ajuda de centenas de voluntários - mostrou a potencialidade do povo carioca de usar o voluntariado em prol de outras causas e não só da política.

No auditório lotado, os mesmos voluntários entoaram sua musica de campanha e fizeram uma salva de palmas em homenagem ao candidato, que recebeu ainda cumprimentos do ex-governador Marcello Alencar, que estava numa cadeira de rodas. Sobre seus futuros planos, Fernando Gabeira disse que não pensa em candidatura "e sim na vida". Mas pelo menos o guarda-roupa dos próximos dias ele adiantou: "Vou poder voltar a andar de bermuda e chinelo, agora que não vou ser mais prefeito".


fonte: sítio G1
foto: sem crédito